Gotas da História

A semana da final da Champions League movimenta Madrid, as críticas a Pellegrini e a quase acertada demissão do treinador, que, tudo indica, deve dar lugar ao português José Mourinho, da Inter dividem espaço nos diários esportivos com um fato histórico: A Quinta.

Era 18 de maio de 1960, 135 mil pessoas foram assistir os então tetracampeões contra os alemães do Eintracht Frankfurt. Os germânicos chegavam a final após vencer o Rangers por 12 x 4 no agregado, os merengues vinham de vitória sobre o Barcelona de Kocsis, Evaristo e Kubala.

Apesar de favoritos, os merengues começaram atrás no placar, o ponta-direita Kress abriu o placar, e logo após, uma bola no travessão na sequencia parecia demonstrar que seria a queda do Madrid após quatro anos, mas este sentimento durou apenas doze minutos, aos 27,  o brasileiro  Darcy Canário fez jogada pela direita e cruzou para Di Stéfano empatar, três minutos depois, a mesma dupla funcionou novamente, Canário chuta e La Saeta vira o jogo.

Antes mesmo do intervalo, o já veterano Puskas pegou a sobra e encheu o pé esquerdo para marcar o seu nono gol na competição. A pausa chegava já com ares diferentes, a superioridade blanca era clara, e a quinta já estava praticamente conquistada, mas faltavam 45 minutos, e para estes estava reservado mais uma apresentação de gala.

Aos 11 da segunda etapa, o capitão Zárraga toca para Puskas, o major lança no vazio para a chegada de Gento, antes de chegar à bola, o ponta esquerda é sofre falta, dentro da área, pênalti. O Húngaro vai para a bola e marca o seu segundo gol na partida, 4-1, a goleada estava consolidada, não encerrada. aos 15, escanteio para o Eintracht, Santamaria intercepta na área, toca para Del Sol que inicia a jogada de contra-ataque com Gento pela esquerda, após troca de passes, Paco chega à linha de fundo para cruzar, no centro da área Puskas se torna o primeiro jogador a fazer 3 gols numa final européia, momentos depois o camisa 10 quase chegaria ao quarto numa cabeçada primorosamente defendida pelo goleiro alemão, mas o arqueiro não evitaria a marca. aos 26 da segunda etapa Puskas recebe da direita, gira e bate com força para fazer 6-1.

O Eintracht então tenta a sua reação, no minuto seguinte: lançamento longo, troca de passes e Stein faz um bonito gol, 6-2, bola no centro do campo, sete toques na bola depois, ela estava nos pés de Di Stéfano, que arranca e chuta rasteiro, para fazer o sétimo gol do Real Madrid. Stein ainda diminuiu, mas estava consolidado.O Real ainda teve uma linda oportunidade para marcar, bola na trave, mas estava consolidado, 7-3, quatro gols de Puskas e três de Di Stéfano. A marca de 3 gols numa final só foi alcançada mais duas vezes, em 1962 Puskas voltaria a conseguí-la, e em 69, Pierino Prati do Milan o faria.

Aquela equipe imbatível, que finalizou a primeira fase de glórias do clube, foi saudada em Glasgow, em Madrid e em toda a Europa, meses depois o time ganharia a Taça Intercontinenal contra o Peñarol, empatando no Uruguai e goleando no Santiago Bernabéu.

 

Reunião com a presença de jogadores vivos daquela equipe

Esta é a história do Real Madrid, estas conquistas, jamais repetidas, deixam a torcida e a diretoria obcecada. O Sonho da décima é o mote do projeto megalomaníaco e de resultados contestáveis de Florentino Perez. (Somando-se os dois mandatos o empresário ficou sete anos à frente do clube e conquistou exatamente os mesmos títulos que Pep Guardiola nos seus dois anos de Barcelona), como diz o nome, é história, está feita, e mesmo que queiram, não vai voltar. Fica a admiração por aquela equipe, um dos melhores elencos de todos os tempos:  Domínguez; Marquitos, Santamaría, Pachin; Vidal, Zárraga; Canário, Del Sol, Di Stéfano, Puskas, Gento, destes apenas Puskas e Dominguez não estão mais vivos