quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

É óbvio que não vai dar certo

Bem, com essas proféticas palavras eu começo mais um ano no meu duro ofício de ser um apaixonado pelo Botafogo. Tenho de confessar, mais um ano, temeroso pelo pior, ao ver promessas e promessas de uma diretoria que persiste nos erros da antiga gestão, e embora se considere superior em alguns aspectos (sobretudo no tratamento com a base), até mesmo no trato com o elenco é visível. As voltas da Moça* e Juninho no elenco de 2008 e as tentativas, felizmente frustradas, de trazer novamente Joílson e Túlio em 2009 denunciam este fato. Quanto ao tratamento com a base, não há muito a se falar, embora haja o intuito, nada ainda foi feito, e os proclamados frutos da base são na verdade, resultado do trabalho dos profissionais de base, especialmente o treinador Luizinho Rangel, recentemente demitido.

Falando ainda sobre a gestão do clube, a administração é uma fusão de bizarrices em série com uma incompetência declarada. O Presidente, um dentista, sem representatividade política recorre a grupos de apoio, entre os grandes apoios estão os Senhores José Luiz Rolim e Mauro Ney Palmeiro, que presidiram o Botafogo nos anos de 1997 a 2002, um triênio para cada, esta corrente é representada na figura do vice-presidente geral Antônio Carlos Mantuano. Desde o começo da gestão, dos oito vice-presidentes, seis já entregaram os cargos, entre os quais, recentemente, o vice-presidente financeiro, Claudio Good, que disse não saber em que situação financeira a atual gestão do clube havia recebido o clube, seria até aceitável, caso o senhor em questão não fosse o Vice-Presidente Financeiro na gestão anterior. Um dos Vice-Presidentes que sobra é um simpático dono de cartório que deve pesar uns 400 kg e mesmo na décima terceira rodada do brasileiro 2009, vendo o Botafogo no buraco, repetia como um papagaio: “O Botafogo será campeão Brasileiro”. Para “auxiliar” foi contratado como gerente de futebol Anderson Barros, que tem no currículo excelentes passagens pelo Flamengo, nos seus piores anos, e Figueirense em 2008, ano do rebaixamento do clube catarinense para a série B. É bom falar que um dos motivos da chegada de Anderson Barros é o parentesco com o Flamenguista Vantuil Gonçalves, Diretor da MFD, uma das agências que explora como vitrine o Botafogo.

Antes de terminar de falar sobre a gestão, eu não poderia deixar de citar estas empresas, a já citada MFD no final do último parágrafo. A Traffic, a Ability, além dos já conhecidos empresários, com destaque para Eduardo Uram, uma praga que a gestão Bebeto havia expurgado da nossa base, mas com a gestão Assumpção está voltando ao clube. O Loteamento das divisões de base é uma das razões da troca de comando na base, a provável chegada de Antony Santoro, do Botafogo da Paraíba, cuja única referência é a amizade com Anderson Barros e Eduardo Uram. Poderia me alongar neste tópico, falando do aliciamento aos nossos talentos realizado pela Traffic Talents, que assinou com cinco promessas da base botafoguense contratos de agenciamento.

Resumindo tudo que disse até agora: O Time do Botafogo é uma balbúrdia, um bordel onde cada um quer colocar o seu e tirar a sua margem de lucro, a centenária história gloriosa hoje é só uma página da história (e essa história é mau-explorada pelo Botafogo, assim como o Engenhão, ou “stadium rio” como querem chamá-lo), mas antes que eu morra de desgosto, permita-me falar sobre o time de 2010, que é a razão deste artigo.

A única segurança que temos está no gol, aliás são várias as seguranças, além do ótimo Jefferson, temos o talentoso Renan, que embora tenha falhado algumas vezes, é um bom goleiro e pode crescer muito, o surpreendente Milton Raphael, que está servindo a seleção e principalmente o excelente Luiz Guilherme, que hoje defendeu três pênaltis na Copinha e tem em seu currículo testes (e aprovação nos testes) no Arsenal, não tendo ficado lá por opção própria.

A Linha de trás é temerosa, pela direita temos apenas Alessandro (embora Wellington Junior tenha servido a seleção sub-20 nessa posição, ele é de fato um volante). Alessandro é sofrível, nunca convenceu, mas continua lá, há a expectativa da chegada de um outro lateral direito, Jancarlos seria um bom nome. Na esquerda, Marcelo Cordeiro para mim é uma incógnita, na reserva, Gabriel é um bom jogador, mas precisa melhorar muito fisicamente, já que nunca conseguia completar jogos na última temporada. O Miolo da zaga concentra fortes emoções, os recém chegados Antônio Carlos e Edson tem boas referências, eu os conheço do Football Manager 2008, no qual ambos são MITOS, o Edson inclusive chegou à seleção Brasileira, mas a verdade é que vamos precisar ver, a temporada 2009 de ambos foi boa, mas foi na série B, e ser bom na série B não quer dizer o mesmo para a série A.

Renovamos com Wellington, que é um zagueiro de potencial, mas ainda é muito afobado, seria ótimo se o tivéssemos em definitivo, mas como é emprestado por mais um ano, não considero uma boa. Temos também Alex Lopes, zagueiro de base que não é grande coisa, mas o meu maior pesadelo se chama Fábio Ferreira, surgiu no Corinthians e foi campeão brasileiro no clube, mas jogar mesmo ele jogou na tragédia do Timão em 2007, o amor nutrido pela torcida do Corinthians por ele é a prova do seu talento.

No meio campo, temos Leandro Guerreiro, não é um jogador ruim, mas também não é um jogador que me inspira confiança, tem no histórico entregadas homéricas e estampa no rosto a derrota, mas sobre ele falaremos em um outro momento. Somália é uma incógnita, Fahel é uma grande piada de mau gosto. Nosso melhor volante tecnicamente, Túlio Souza nunca ganhou ritmo de jogo e continua encostado na equipe. Vinícius Colombiano, que aos 21 anos já operou os dois joelhos, é mais um jogador desconhecido que chega para o setor, contrato de cinco anos, o que dizer? Também temos Wellington Junior, já citado, mas o físico dele o posiciona melhor como terceiro homem de meio campo.

Na armação, seguiremos tendo como primeiro homem absoluto, a Moça, que receberá novamente a braçadeira de capitão e será ainda titular absoluto. Os outros são incógnitos, começando por Eduardo Pedalada, que chegou como zagueiro, foi volante, lateral esquerdo, meia esquerdo e se destacou pelo seu dom de triatleta apenas. Diguinho tem boas referências no América, mas boas referências na segunda divisão do carioca não significam suficiência técnica para jogar no Botafogo. Chegou também Renato Cajá, jogador que tinha a minha admiração nos tempos de Ponte Preta, habilidoso, mas está parado há algum tempo, é preciso recobrar o ritmo. Somados a estes estão Rodrigo Dantas, também egresso da base, e que merece receber mais chances, e Jorge Luiz, que excelente meia armador da base que deve jogar na estréia do carioca.

No Ataque está o principal motivo do nome deste tópico, a Dupla ‘Loco’ Abreu, que chega ao seu décimo oitavo clube em 14 anos, embora goze de bom retrospecto na seleção uruguaia, suas passagens rápidas e conturbadas por clubes não justificam o alarido feito por sua chegada. O Bota é o nono clube do uruguaio em cinco anos. Não bastando isso, a dupla do Uruguaio será o Argentino Germán Herrera. Apelidado gentilmente de Casi Gol, o atacante, que vem por empréstimo do Grêmio, teve a sua grande glória no Corinthians em 2008 como o artilheiro da série B.

Na Reserva estão os jogadores de base, Junior, Alex e Caio. Junior é caneleiro, mas até jogou bem em algumas oportunidades que teve no time de cima, sobrepujando o badalado Laio. Alex foi artilheiro do time na última OPG e jogou também o Brasileiro sub-20, mas deste grupo, o grande destaque é Caio Canedo, atacante leve e driblador que se bem moldado terá futuro no profissional. Após sua subida ao profissional, a diretoria negociou seus direitos com um misterioso fundo, e o Botafogo agora tem apenas 40% dos direitos do atleta.

Este é o Botafogo 2010, não há muitas esperanças, nosso treinador também é outro de grande sucesso na carreira (sua única conquista como treinador é um campeonato potiguar), a diretoria é um exemplo de desmando, amadorismo, omissão e incompetência e a torcida sofre vendo falsos ídolos e se enganando por falsas esperanças, que Nossos Santos protetores, São Carlito Rocha e São Mané Garrincha nos protejam do pior, e que as bênçãos em vida de Nilton Santos não nos permitam sofrer da mesma aflição do ano passado. Olhando isso tudo eu posso falar: É óbvio que não vai dar certo.

*lendo este texto, eu espero que vocês tenham entendido quem é Moça, pois a este pateta não vou me referir pelo nome.

4 comentários:

  1. Bem, de fato, não acompanho o suficiente o Bota pra opinar com autoridade, mas no ano passado, principalmente, ficou claro que o Botafogo está uma bagunça. No início desse ano, eles abandonaram sua política de não gastar mais do que devia, devido à imensa pressão e trouxeram "AS promessas". Claramente mostrando total nada de planejamento, ao meu ver.

    Eu respeito El Loco Abreu, já o vi jogar muito mesmo pelo Uruguai e ele é diferenciado sim. Fora isso, também acho que Herrera pode ter seu bom futiba resgatado. Até porque gosto do Estevam Soares, ele não tem títulos de expressão, mas não fosse por ele e sua voz rouca com grande empenho para armar bons esquemas táticos, acho que íamos assistir série B aos sábados com o Bota. Estevam foi um dos grandes nomes de 2009, muito vencedor. Excelente trabalho no Barueri que, wtf daonde saiu essa porra, time de empresários, e segurou a barra no bota que tava muito mal.

    É isso, no mais, post bem escrito Leonardo.

    obs> Temos o Machado em comum por mero acaso.

    abc frt, sucesso no blog

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  2. Estou totalmente por fora dos acontecimentos políticos. Não conheço os gestores, só os cabeças que penso serem os principais e mais importantes, mas parece que não. Você foi perfeito. Reflexo disso foi o jogo de hoje. Vergonha.

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  3. Anderson Barros é, no momento, o maior problema. É um cara de caráter extremamente contestável, e de incompetência mais do que comprovada. Como já falei ele é o maior problema, mas não é o único, outro "grande"(e também gordo) é o André Silva. Não que o André seja mau caráter, muito pelo contrário, é bem solícito com os torcedores e me pareceu bem intencionado; o problema é que ele é OMISSO. Ele deixa correr solto, falta atitude. No futebol esse tipo de postura covarde (dentro ou fora de campo, como temos visto) custa bem caro.

    De acordo com o que fui informado, o motivo do afastamento do Cláudio Good teria sido o fato de terem chutado pro alto o suposto acordo já firmado por ele com a Liquigás, de 12 milhões de reais por ano. Ele achou que desrespeitaram sua função no clube. Outros dirigentes teriam vetado a renovação, por acreditarem que o clube deve e pode receber mais (muito mais, de acordo com certas fontes, algo por volta de 15 ou 16 milhões por temporada). Isso me preocupa por duas possibilidades: se o Good estava certo, poderemos ficar com um patrocínio meia-boca ou com nenhum patrocínio, tudo devido a mais um delírio da nossa diretoria esquizofrênica (como R. Gaúcho, Deco, entre outros); se o Good estava errado, então ele era muito incompetente ou era mau caráter e poderia até existir algum esquema dele com a Liquigás por fora dos panos. Simples de entender, não? E que aqui fique claro, até agora a situação me pareceu favorável ao Good. Disseram que haveria anúncio de patrocinador no jogo contra o Vasco. E eu agora pergunto: CADÊ?

    Como se não bastasse todo o CAOS que o Botafogo vive, agora aparece mais uma figura. Eis que ressurgindo das cinzas, como a própria Fênix, Montenegro vem vociferando aos ventos os erros da atual diretoria, ao lado de seu fiel escudeiro, Ricardo Rotenberg. Ele falou com uma autoridade impecável, criticou os dirigentes, ameaçou ir à calçada gritar ao lado dos torcedores, falou como é humilhante perder de 6.

    OK.

    Que tal uma viagem no tempo agora?

    1994: Botafogo 1 x 7 Fluminense. Quem era o presidente? MONTENEGRO.

    2008: quem apóia Mauricio Assumpção pra presidente? Quem critica Bebeto de Freitas? Quem adivinhar ganha uma bala juquinha.

    ... MONTENEGRO. Óbvio.

    Do Rotenberg eu nem falo nada. Zárate e Escalada já falam mais alto que qualquer argumento.

    O Botafogo é, como todo bom clube carioca historicamente foi, um ninho de cobras. O único problema é que somos no momento o ninho mais pobre e acabado, o que está minguando mais rápido. Ou o Botafogo abre o olho, ou vai pro buraco de vez.

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  4. E não é que o errado às vezes dá certo? Ou pelo menos finge que vai e dá falsas esperanças. Não conheço direito a política alvinegra, mas dentro de campo reconheço que o time é no máximo regular, e que o elenco não tem peças de reposição. Mas serve pra ganhar o Carioca com o Flamengo relaxado, Fluminense em má fase e Vasco em depressão. Com muita sorte pode até abocanhar a Copa do Brasil. Agora fazer boa campanha no Brasileiro é outro papo... Haja trabalho pra Papai Joel e seus filhotes.

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