quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SeleFla Década ’00: Os melhores e Os piores (parte 1)

Saudações Rubro-Negras!

Sendo um blog de cariocas iniciando-se junto à nova década, uma bela maneira de começar é fazendo uma lista dos melhores e piores jogadores do time do Rio de Janeiro que teve mais sucesso na década passada. Nesta postagem, farei uma análise dos melhores em minha opinião. No final, teremos um time titular e um time reserva, além de jogadores que merecem ser citados por tudo que fizeram pelo clube.

GOLEIRO

Julio César x Bruno. Dois goleiros que nenhum time dispensaria. Nenhuma ousadia dizer que é uma disputa entre aqueles que são hoje o melhor goleiro do Mundo e do Brasil, respectivamente. Tomando como critério para todas as escolhas a atuação enquanto jogador do Flamengo, fico com Bruno.

O momento do Julio no Fla foi o começo de sua carreira. Cometia erros de jogador inexperiente, alguns dos quais admitiu publicamente que não faria mais, como o jogo em que saiu do gol quando seu time perdia o Fla-Flu por quatro a zero.



Bruno tem o espírito que todo rubro-negro deseja ver em seus jogadores. É raçudo, compromissado com o clube. É tecnicamente inferior ao seu “adversário”, mas no quesito liderança vence fácil. Conquistou o título mais importante da década do clube, foi peça-chave no tri carioca. Sua imagem no clube sempre esteve ligada a palavra reação. O jogo contra o Santos no Maracanã este ano é a síntese de tudo que ele representa para esta geração do Flamengo. Dois pênaltis essenciais para a arrancada vitoriosa.



LATERAL-DIREITO

Uma posição que ironicamente começou com o pé esquerdo na década. Os péssimos foram muitos e o problema da posição só se resolveu efetivamente com a chegada de Leonardo Moura. Conhecido por não ter regularidade nos clubes que passou, mostrou um resultado diferente no Flamengo. Chegou ao clube em 2005 e logo despontou como um dos jogadores de referência nacional na posição, chegando inclusive à seleção brasileira em 2008. Reage bem às cobranças da torcida e apesar de possuir algumas fases ruins no clube, possui um resultado geral positivo e vitorioso.



O outro nome que merece ser citado aqui é Alessandro. Como lateral era apenas regular. Fraco na defesa e eficiente no ataque. É citado pelo fato de ter na bagagem um tricampeonato carioca e uma copa dos campeões, na qual foi peça-chave. Em um período de escassez de laterais minimamente regulares, Alessandro conseguiu agüentar o tranco.


LATERAL-ESQUERDO

Jogou por volta de quatro anos no Flamengo, onde alternou altos e baixos, foi responsável direto pelo segundo título carioca do tri e foi levado a seleção por causa disso. Teve passagem infame por um gigante europeu e possui problemas físicos regulares que o impede de jogar o máximo que sabe com freqüência. Com esta descrição é difícil saber se falo de Athirson ou Juan. O fato é que ambos tiveram uma história parecida no clube, cada um na parte da década que dominou a posição.

Juan pode até ter conquistado mais títulos pelo clube, mas é jogador-resultado, produto de fabricação típica do São Paulo. Fico com Athirson pela qualidade técnica diferenciada que apresenta, levando-nos fez compará-lo até mesmo ao maestro Júnior, conforme manda nossa eterna qualidade-defeito de ter a língua maior que a boca. Um jogador que sozinho humilha o Vasco em uma final merece ser eternizado como o camisa 6 da década de 00.



ZAGUEIROS

Duas gerações satisfatórias de zagueiros em meio a tantas duplas desastrosas. Coincidência peculiar entre as duplas Gamarra-Juan e Fábio Luciano-Ronaldo Angelim o fato de serem mestres e seus discípulos. Certamente Juan e Angelim não teriam tanto sucesso se não tivessem atuado com seus “mentores”.

Gamarra entra na lista sem dúvida. Zagueiro seguro, prefere desarmes suaves e bom posicionamento a agressividade e inexperiência atual (aliás, dá pra dizer que Angelim é a versão “Lite” do paraguaio).Nada ousado citá-lo como um dos melhores da história na posição. Ficou pouco tempo por causa da incompetência da direção da época, mas deixou como herança Juan, que pode agradecer a ele por ser titular absoluto da seleção hoje em dia. Juan deixou de ser um beque mal-posicionado e afobado e hoje é um mestre do desarme. Dá carrinhos com uma precisão que não se vê em qualquer jogador. O resultado foi a perfeita adequação em dois países de bastante tradição na zaga: Alemanha e Itália.

Fábio Luciano foi um zagueiro raro. Salvação é a palavra que melhor descreve sua chegada à Gávea. Com forte senso de liderança, acabou com o barraco que era a defesa do Flamengo. Aliás, sua chegada ao clube, não por acaso, marca o divisor de águas entre um time apenas regular para um grupo que brigou pelo título nacional nos últimos três anos. Chato é o fato de ele ter se aposentado justamente no ano em que finalmente obtivemos a conquista.

Angelim, como já dito, é o nosso “Gamarra Lite”. Jogador que é raramente punido e desde que jogou com o xerife Fábio Luciano, um zagueiro bem posicionado. Volta e meia surge na área adversária dando sustos ou alegrias aos rubro-negros. Dentre as alegrias, o gol que consolidou o hexa, um prêmio para um jogador humilde e cujo esforço é notório.

VOLANTES

Desde que vi Maldonado jogar naquele excepcional time do Cruzeiro de 2003, sonho com o dia que ele vestiria o manto sagrado. Em 2009, esse sonho se realizou em grande estilo. Jogador de visão de jogo privilegiada, é daqueles que não erra nenhum toque de bola e se posiciona como poucos. Tudo isso na surdina, o que rendeu a ele o apelido de “homem invisível”, com justiça. Não precisou jogar muito tempo para estar nesta lista e, cá entre nós, sua renovação pro brasileiro deveria ser prioridade da diretoria.

Renato foi outra contratação que na época me deixou muito animado, uma vez que gostava do seu futebol desde o Corinthians. Seu estilo pode ser resumido pelo segundo jogo da Copa Libertadores contra o Defensor do Uruguai. Guerreiro e bom batedor de faltas. Durante seu tempo no clube, seus gols aliviavam a lacuna no ataque existente desde 2002, quando Liédson saiu. Foi um dos grandes nomes de um tempo em que a benção/maldição da arrogância, característica inerente a todos os rubro-negros, nos trouxe tantos frutos negativos.



Íbson e Kléberson só não são titulares porque a concorrência é braba. Os dois são jogadores de grande talento. O primeiro merece sua chance na seleção muito mais que alguns dos volantes convocados. E se o segundo não fosse convocado para a copa de 2002, só deus sabe o que aconteceria com a nossa seleção. Sorte a nossa que os ingleses pegaram tanto no pé dele.

MEIAS

Dos quatro meias que citarei, Petkovic é a meu ver o mais fraco tecnicamente. Mas foi responsável pelas duas maiores alegrias que tive como torcedor deste clube. O gol do tri, aos 43 do segundo tempo contra um Vasco tecnicamente superior é a representação do alívio que foi a vitória, depois de uma semana apreensiva, que só pode ser descrita pela cara do Alessandro rezando no banco de reservas. Golaço que teve replay na final da Copa dos Campeões.

Aliás, de bola parada o gringo entende. Para ele, em 2009, escanteio era pênalti. Sua vinda conturbada trouxe pra gente o tão sonhado hexacampeonato brasileiro.



Renato Augusto é uma demonstração da velha máxima que “craque o Flamengo faz em casa”. Dizer que ele é craque talvez seja exagero, mas certamente é um jogador de visão diferenciada. Infelizmente foi vendido por não conseguir manter uma seqüência de jogos. Se continuasse pra 2009, acredito que explodiria mais que Diego Souza sob o comando de Andrade.

Não citar o curto período de 2002 que Juninho Paulista esteve no Flamengo é heresia. Jogador que enquanto esteve com o manto foi igualmente brilhante como armador e goleador. Jogou pouco no clube e em uma fase que a CBF fez o pior modelo de calendário possível (que em parte é responsável por não termos nem brigado pelo sonhado tetracampeonato carioca), mas o tempo que jogou foi tão brilhante como quando jogou no Atlético de Madrid ou no Vasco, tanto que carimbou sua vaga no mundial de 2002.

Marcinho é mais um grande nome daquele Cruzeiro de 2003 (time que muito me fascinava). Enquanto esteve no time, supriu aquela que talvez tenha sido a carência da década: um fazedor de gols. Com muita justiça, foi garantir seu seguro financeiro no Qatar, quando nos abandonou pela tão odiada janela de transferências.

ATACANTES

Adriano voltou e me trouxe suspeitas. Pra mim seria um jogador que quebraria um clima de paz na Gávea e traria de volta o caos que foi a “SeleFla-02”, onde a vaidade falava mais alto que o Flamengo. Felizmente, o Imperador mostrou que veio pro Mais Querido para jogar muita bola e finalmente acabar com o vácuo que tínhamos no ataque, sedento por um goleador nato. A volta para a seleção e a artilharia do Brasileiro no ano do Hexa são prêmios merecidos de um jogador fanfarrão, mas que ama muito o manto que usa.

(Observação: O Adriano que entra na seleção não é o Adriano de 2000, aquele que pouco jogou, mas sim o consagrado de 2009!)



O capetinha Edílson veio pra aterrorizar os adversários. Jogador driblão, dava trabalho aos zagueiros que enfrentava. Na sua passagem, o título da Copa dos Campeões de 2001, em uma final que pra ele só faltou fazer chover.



Obina. Não é melhor que Eto’o, mas foi nesse clima de zoação de todo mundo que quase foi parar no rubro-negro de Milão para enfrentar seu “rival”. Certamente um jogador extremamente abaixo de seus companheiros de Seleção da Década no ataque, mas certamente um dos mais amados. Ouso dizer que é o nosso Casagrande. Até camisa do O Dia o craque tem (obviamente está na minha coleção de camisas). Enfim, nesse clima de brincadeira, o baiano já deu pro Flamengo um carioca e uma Copa do Brasil. E em 2010 já vejo Obina se consagrando entregando o Tetra carioca, a Libertadores ou até o Mundial, esta última quando não contaremos mais com o Imperador.



Liédson fecha esta lista. Jogador fazedor de gols, para ele poucas palavras são suficientes. Resolveu o problema de ataque de duas nações: a Rubro-Negra em 2002 e a de Portugal em 2009. Mais um grande jogador perdido por incompetência da diretoria.

TÉCNICO

Joel Santana foi o cara que mais salvou nossa pele nessa década. Na primeira vez, pegou o falido time de 2005 e fez milagre. Em 2007, pegou um bom time e levou ao lugar que merecia: o 3º lugar no Brasileirão. E ainda foi o técnico do Vasco no nosso Tri em 2001!

Andrade, com humildade e experiência que só um vencedor possui levou o Mengão ao Hexa. E Libertadores vem aí!

Seleção Final:
Time-Base:
Bruno; Léo Moura, Gamarra, Juan, Athirson; Renato, Maldonado, Petkovic, Renato Augusto; Adriano e Edílson Técnico: Joel Santana

Reservas:
Júlio César; Alessandro, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim, Juan; Íbson, Kléberson, Juninho Paulista, Marcinho; Obina, Liédson.Técnico: Andrade

No fim das contas, um excelente time. Reflexo da grande década que o Mengão teve. Década de altos e baixos, mas recheada de sucessos.

Um comentário:

  1. Brilhante post Roberto!!! Dificilmente mudaria alguma coisa nesse time! Talvez colocaria o lateral-esquerdo titular como o Juan de 2006/07 que só atacava e era sensacional.

    Pena que começei a acompanhar futebol a partir de 2006 mesmo, mas foi o suficiente pra eu dar nota 10 pra essa SELE-FLA.

    Boa!
    Abc frt, sucessos no Blog

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