terça-feira, 13 de abril de 2010

A Letra D

Por que era um lorde, era príncipe... e era Rei.

Uma coisa que mamãe não precisou me ensinar é que o melhor futebol é bem simples de entender, a letra D poderia vir com a pompa de Mr. Football, com as honras aristocráticas do Príncipe Etíope, mas vem com a tranquilidade de uma folha seca, e apenas umas poucas letras... Didi.

Nascido em Campos, em  8 de outubro de 1929, Didi quase não pode jogar futebol, por ter a perna direita amputada aos 14 anos, após uma infecção. Por sorte, Didi conseguiu se recuperar, e dois anos depois começou a aparecer em clubes como Rio Branco e Americano, por onde começou sua carreira profissinal em 1946, em alguns anos passou por Lençoense, Madureira, até chegar ao Fluminense em 1949, clube onde ficaria mais de 7 anos e jogaria 298 jogos, marcando 91 gols. Mesmo com o desfile de elegância e os títulos, entre os quais a Copa Rio de 52, Didi foi vítima de preconceito, chegando a ter de entrar pela porta dos fundos das Laranjeiras.

Neste meio tempo, Didi ainda gravou o nome na história em 1950, fazendo o primeiro gol do Maracanã, jogando pela seleção carioca. Em 1952, ele chegou a seleção brasileira, sendo campeão dos jogos Panamericanos, e em 54 esteve no time que jogou a Copa do Mundo da Suíça.

O fim da época no Fluminense marcou a ida para a grande fase da carreira de Didi, no Botafogo, Didi encontrou o auge da forma, e nestes anos apresentou ao mundo a sua Folha Seca, nas eliminatórias da copa de 1958 contra o Peru.

Jogando com Garrincha, Nilton Santos e Quarentinha, entre 56 e 59, o Botafogo do Príncipe Etíope, foi campeão do Carioca de 57, ao fim do campeonato, uma procissão de 5 mil botafoguenses seguiu do maracanã até General Severiano lideradas por Didi.

Em 1958 ele rendeu a Suécia, a Suécia e o mundo, mestre dos grandes, Didi foi eleito o melhor jogador da Copa, um mestre para Pelé, uma inspiração ao futebol brasileiro. É a Didi que é atribuída a expressão Jogo Bonito. O Sucesso o tirou do Botafogo e o levou para o maior time da época, o Real Madrid de Di Stéfano e Puskas. Lá, segundo dizem, foi boicotado pelo argentino, "dono" do time a época. Como dividir o prestígio era inviável, Didi ficou de lado, foram apenas 19 jogos e 6 gols, e depois de uma temporada, ele voltaria aos braços alvinegros.

Entre 60 e 62, o meia continuou a exibir a usual habilidade, títulos importantes como a Taça Roberto Gomes Pedrosa, o Torneio Rio-São Paulo e os Campeonatos Cariocas de 61 e 62 o entronizaram de vez no hall dos grandes jogadores botafoguenses, Didi ainda voltaria ao Botafogo em 64, ao total, ele jogou 313 jogos e marcou 114 gols com a estrela solitária, fora tantos lançamentos para Garrincha que ficaram gravados na história.

No mesmo ano de 62, Didi também foi campeão mundial, com Garrincha, Nilton Santos e Zagallo no Chile, mais uma missão cumprida, e o Mr. Football iria em 63 para o Peru, jogar e treinar o Sporting Cristal, a primeira experiência de banco do grande jogador, que voltou ao Brasil em 64 para jogar no Botafogo, depois o São Paulo, retornou ao Botafogo onde ficou até 65, foi ao México defender o Veracruz e retornou ao Brasil para encerrar a brilhante carreira em 66 no tricolor paulista.

Agora o Professor da bola nos campos era o professor fora de campo, entre 67 e 68 ele treinou o Sporting Cristal, o campeonato Peruano de 68 o alçou ao cargo de selecionador nacional, Didi levou o Peru de volta à copa do mundo no ano de 1970. Depois da copa, passou pelo River Plate antes de chegar ao Fenerbahçe, onde ficou por 3 temporadas sendo bicampeão turco em 73/74 e 74/75

Voltou ao Brasil em 75, Ganhou o Carioca pelo Fluminense, a taça Guanabara pelo Botafogo e o Mineiro com o Cruzeiro, após a passagem, foi para o Peru, onde encerrou a carreira no futebol como treinador do Alianza Lima

Didi foi alçado ao hall da fama da FIFA em 2000. No ano seguinte faleceu devido a um câncer no intestino. A  Maior lição deixada por ele: É simples demais fazer o bonito. Não é preciso força, é jeito, é arte. É com carinho, com a delicadeza de uma folha seca que cai no outono, com a simplicidade de uma fala mansa e de um nome que qualquer criança diz.


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